segunda-feira, 29 de outubro de 2012

E se pregasse um susto...ao medo?!


Em plena semana do Halloween vale a pena pensarmos no medo...sem nos assustarmos!

Estamos habituados a pensar que a vida sem o medo seria muito mais fácil e agradável.  Mas… que seria de nós sem ele? A verdade é que, simplesmente, não existiríamos. Sem o medo para nos proteger, atravessaríamos a rua sem olhar para os carros "só porque tínhamos pressa" ou enfrentaríamos um animal perigoso sem medidas de segurança "porque o bichinho até parece de peluche".

De facto, os que, ao longo da evolução, desdenharam o medo, deram-se mal com isso e morreram sem prole.

Ter medo é normal. E desconfiar do que não se conhece, temendo pela integridade física ou psicológica, é não só igualmente normal mas também desejável. O problema do medo não é tê-lo; é, por um lado, ter reações exageradas de receio face ao grau de risco ou perigo que o elemento do medo suscita; e, por outro lado, deixar que o medo nos paralise e faça perder a lucidez.

Em suma, todos os medos são, até certo ponto, adaptativos uma vez que têm como função proteger-nos de situações potencialmente perigosas. Deixam, porém, de o ser a partir do momento em que nos impedem de viver... de ir mais além, de explorar e descobrir um pouco mais da vida.

Não se deve confundir medo com timidez ou ansiedade de separação. Medo é algo de irracional, um sentimento de inquietação que se sente face a uma ameaça exterior. A timidez é uma característica de personalidade e a ansiedade de separação é, normalmente, mais momentânea e associada a um momento de corte relacional e /ou entrada num mundo diferente.

É de uma completa nulidade dizer a alguém amedrontado: “Não tenhas medo!”. O medo tem-se. Apenas isso. E quem o tem desejaria bem não o ter.

No caso dos medos infantis, por exemplo, parece-me sempre de uma extrema arrogância a forma como os mesmos são tratados pelos adultos quando, eles próprios, tiveram medos, cresceram com medos e ainda mantêm múltiplos medos na adultícia. Não só é um exercício de poder inaceitável como é, principalmente, ineficaz. Todos os dias os telejornais, feitos por adultos, relatam casos que causam medo. O medo é fácil de “comercializar”, vende e ganha adeptos. O medo vende e leva-nos a adotar medidas, comprar dispositivos, contratar seguros, etc. É por isso que temos que encará-lo com lucidez e clareza e mostrar, não só as crianças, mas também aos adultos, que se estiver a ser exagerado, tem que ser diminuído.

 De facto, o maior inimigo do medo é o próprio medo, porque paralisa quem o tem e insere-o num círculo vicioso que se autoalimenta.

E uma coisa é certa: a nossa fantasia é sempre mais aterradora que a realidade! E os monstros só continuarão a existir e a "agigantar-se" até se acender a luz do quarto...e da mente!!!

Por exemplo, se uma criança tem medo de ir sozinha à casa de banho (Ufff…a Bia já passou esta fase…Eram horaaaaaaaaaaaaaaasssssssssss literalmente de nariz na porta menos apetecível da casa…à espera de, pois é, chichis e cocós da Dona Bia: Oh mãe, estás aí, não estás?! O cocó ainda não saiu…Mas fica aí à espera, está bem? Não fujas… Não filha, a mãe não foge. A mãe espera pelo teu cocó…Enfim…). Continuando, se uma criança tem medo de ir à casa de banho sem a companhia dos adultos, convém começar a dar-lhe alguma autonomia: ficar à porta da casa de banho, depois a meio do corredor, conversando, depois já na ponta, até se conseguir que vá sozinha. Mas sempre perguntando se quer experimentar, encorajando-a e felicitando-a se conseguir progredir. (E esperar que, nas primeiras vezes, seja normal que ela venha a correr com metade do chichi feito e metade a sair por fora!!! Mas nunca a penalizar por isso!!) Conseguir vencer o medo é motivo para elogio, não para recriminação por qualquer aspeto prático. É importante ajudarmos o outro a vencer o medo mas nunca o expormos a mais do que ele consegue aguentar! Além disso, o medo é um sentimento íntimo e é assim que deve ser abordado. Não deve ser um motivo de gozo nem de conversas vãs.

Os graus em que o medo se expressa são muito variáveis, desde uma leve sensação de cautela e receio até às fobias e estados paranoides, estes sim, já muito graves.

 Nesta semana de Halloween fica, assim,  a sugestão: Não deixe que os seus medos o assombrem...Enfrente-os com a melhor luz de todas, aquela que é renovável e não custa nada nem é debitada em faturas no final do mês: chama-se lucidez… que é outra espécie de coragem!

E às vezes, para a ganharmos, não há mal nenhum em pedirmos ajuda aos outros, aos amigos, familiares, pais, companheiro/as,  ou até ao cão ou periquito se preciso for, pois o principal é ter junto de nós alguém que verdadeiramente nos dê força e confie que somos capazes.
Porque somos!!!...
 
 

1 comentário:

  1. Adorei. Foi inspirador e vai ajudar-me a pregar grandes sustos a alguns medos bem profundos.
    Obrigado.
    Isabel Sá.

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