quinta-feira, 28 de abril de 2011

O que é uma mãe...

“As mães são filósofos instintivos.”  
Harriet Stone

O que é uma mãe?…
Foram tantas, mas tantas, as vezes que já me fiz esta pergunta… Antes de o ser, já a fazia. Depois de o ser, continuei a fazê-la…
O que é uma mãe…
Como ponto de partida, é um risco…Que assusta arriscar… Que se vai arriscando… Sempre com reticências mas sempre petiscando, ou melhor, banqueteando!!!! 
Porque, efectivamente, a maternidade é, no balanço das suas (in)esperadas dificuldades e alegrias, uma imensa delícia…Que sabe bem…saborear…devagar…à medida que os tamanhos crescem, que as roupas deixam de servir, que aparecem os primeiros sorrisos, os risos, as gargalhadas contagiantes, os gatinhares, os passos desiquilibrados, as pseudo-palavras, as palavras inteligíveis, os passos certos, as corridas, os desenhos, o faz-de conta, as brincadeiras infinitas…

É tanto um risco sê-lo como descrevê-lo… Porque, na verdade, depressa se  esgotam os substantivos, repetem-se adjectivos…
"Ser mãe" é um verbo de acção e de coração…Tudo junto!!!
“Ser mãe” é, também, o que junta…o que reúne, o que multiplica, mesmo quando não há!!!! 

Encontrei, aliás, uma frase de autor anónimo muito curiosa que referia que “uma mãe é aquela pessoa que ao ver que só ficam quatro bocados de bolo de chocolate tendo cinco pessoas à mesa, é a primeira a dizer que nunca gostou de chocolate.” Sim, concordo!!!  Eu, de vez em quando, mesmo gulosa como sou, também não gosto de chocolate!!!!
A minha mãe, de vez em quando, e ainda hoje, também não gosta de chocolate!!!
E a minha avó e a minha tia, lindas, que adoram chocolate, de vez em quando também não gostam de chocolate!!!!
E elas, principalmente elas, não gostaram de chocolate muitas vezes…mesmo adorando!!!!

Ser mãe não cabe, definitivamente, nas palavras…
Cabe, talvez, nos actos!!! E, acima de tudo, cabe na vida!!! É esse o lugar unicamente tangível e condignamente habitável ao seu tamanho!!!!

Uma mãe é… Exactamente isto – reticências!!!!

É a vivência em aberto, é a disponibilidade para o outro, física, mental e emocional, é o improviso…
 É, muitas vezes, o mais próximo da perfeição em termos de bom uso do coração…
E acredito que não há ser no mundo que fique mais vezes à beira de um ataque cardíaco do que uma mãe.
Mas sobrevive!!! Aliás, acho que uma mãe sobrevive a tudo pelos filhos!!!! Sei que é um lugar-comum mas não deixa de ser a verdade…Só há uma dor capaz de a fazer cair (pelo menos momentaneamente): a dor da impotência perante o sofrimento do filho…
Infelizmente, sei do que falo…
Há muitas dores que doem…De diferentes maneiras…Em diferentes locais… Em momentos diferentes de uma vida…
Mas, de facto, até hoje, nenhuma dor me foi mais pungente do que a dor da impotência perante o sofrimento dos meus filhos, neste caso da Beatriz, numa situação de doença gravíssima e quase fatal…
Nesses meses, acho que senti tudo o que havia para sentir…Senti a vida e a morte a acontecer dentro de mim, a cada segundo, a cada minuto, a cada infindável hora dos dias de internamento.
Mas senti,  sobretudo, a dor de não poder fazer renascer, de estar impotente perante um coma, perante uma ameaça de nunca mais ver a Bia a olhar para mim com os seus olhos de lua cheia…

E sem esta Lua o meu céu estava tão escuro…Mesmo com os raios do Sol que ia buscar aos sorrisos do Tiago… 
Esta é uma dor que não se esquece…Que fica cá…Talvez para nos lembrar que esta vida, a nossa vida e a vida dos outros,  é mesmo um milagre e, porquanto, as devemos viver e tratar como tal!!!
Todos os dias sinto este milagre acontecer diante de mim em tão pequeninas coisas…
Sinto-o quando vejo a cicatriz da Bia na sua belíssima barriguinha e ela me pede para lhe dar um beijinho no “dói-dói passado”… Foi assim que lhe chamou, é assim que as duas lhe chamamos…
Sinto-o quando vejo o Tiago a desviar a Bia quando passa algum cão, ou quando ouve o ruído estridente de uma mota,  ou a dizer que quer ir passar a manhã à escola dela para não deixar que uma certa menina marota lhe ande a chamar "feia"…
Sinto-o quando vou passear com eles e eles fogem os dois para depois regressarem com uma flor em cada mão, oferecendo-ma e pedindo que a ponha no cabelo…
Sinto-o quando eles já percebem quando eu lhes explico que não devem arrancar as flores porque elas precisam das folhas e do caule e das raízes e da terra e do ar e da água…E que as abelhas ficam tristes se não poderem ir ter com elas para ir buscar um bocadinho de pólen ao seu “coração” para depois poderem fazer o mel que eles tanto gostam…
Sinto-o quando o Tiago me confia o seu joelho  para eu lhe limpar a ferida, desinfectar e pôr um penso…Mesmo sabendo que vai doer...
Sinto-o quando a Bia finalmente acede a não levar as oito bonecas para o infantário e se fica pela “Dora”… (A que ela chama “Dora Susana”!!!! Ao que uma mãe está reservada!!!! Só me lembra o Camané a cantar: “Maria Albertina como foste nessa de chamar Vanessa à tua menina…”), ou quando percebe porque é que não pode vestir o vestido que ela adora 30 mil dias seguidos, ou quando aceita finalmente (uffff!!!!) que não pode levar os meus sapatos de salto alto calçados para a escolinha, ou porque é que não pode comer barrinhas Kinder ao pequeno almoço,  ou quando diz que vai ao “Jumbo” (o que quer dizer é que vai ao JUDO!!!!) e por isso é “Jumboca”!!!! J
Sinto-o quando lhes telefono só para ouvir aquelas vozinhas…
Sinto-o quando me apaixono outra e outra e outra vez, mil e uma vezes pelas suas mil e uma maneiras diferentes de sorrirem…
Sinto-o quando os vejo a brincar, a dormir, quando os vejo bem-dispostos, quando os vejo rabujentos, quando os vejo meiguinhos, quando os vejo embirrentos, quando os vejo a conversar, quando os vejo em silêncio, quando os vejo penteados, quando os vejo despenteados, quando os vejo “com pinta”, quando os vejo cheios de tinta…Em suma, quando os vejo cheios…de vida!
Uma mãe é, também, isto: alguém que tem o privilégio de ir sentindo todos estes milagres acontecerem dentro e fora de si...
 Milagres que foi ajudando a nascer, crescer e, em suma…a SER!!!
Como tiverem que ser...
 E o que quiserem ser com aquilo que são…
Porque isso, aí, já é com eles!!!! Mas a mãe estará lá...sempre!!!








quarta-feira, 20 de abril de 2011

O que é um momento...

“O valor das coisas não está no tempo em que elas duram mas na intensidade com que acontecem… Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.”
 Fernando Pessoa


A resposta, desta feita, veio antes da pergunta…
Um momento… - avancei, com a voz a afastar-se suavemente e a afundar-se cada vez mais na cavidade mais recôndita que encontrei…
E ela perguntou, com o olhar interrogativo de espanto:
- Demoras muito?
- Estou quaaaaaaassssseeeeee….
- Aqui vou eu…
Silêncio… Fez-se silêncio… Daqueles silêncios expectantes que ecoam pela casa toda… Daqueles silêncios cardíacos, quase nervosos, mas bons, saborosos, escondidos, secretos….
Ouço-lhe os passinhos pequenos e saltitantes…
- Oh mãe, afinal onde é que tu te escondeste?????!!!!
- Quente, quente!!!!...

A porta da despensa entreabre-se, um rastilho de luz entra timidamente e um risinho maroto explode em risadas estridentes e partilhadas:
- ENCONTREI-TE!!! ENCONTREI-TE!!!!
Agora sou eu a esconder-me, mãe! Vá, fecha os olhos…

Eu fecho… Escuto os passos…Visualizo-lhe o percurso da fuga…Saboreio a brincadeira…
Vivo o momento dos nossos deliciosos (des)encontros de mãe e filha nas divisões da casa… Sim, agora ainda nas divisões da casa… Mais tarde, talvez, nas divisões da vida!!!!
E andámos nisto sei lá eu quanto tempo… O necessário, talvez, para aprendermos internamente que, no fundo, nos poderíamos perder uma da outra mas sempre nos iríamos reencontrar…
Para aprendermos que poderíamos, literalmente, estar fora do alcance da vista mas não do alcance do coração!!! 

 (Na verdade, a própria brincadeira universal que os bebés fazem do jogo do “cu-cu” ou do atirar os objectos para o chão e de os colocar fora do alcance da visão à espera de que alguém os volte a colocar perto deles acaba por os ajudar igualmente a lidar com essa mesma ansiedade de separação, a lidar com os futuros encontros e desencontros da vida - além de contribuir para a aquisição de uma importante competência cognitiva designada por “permanência do objecto”).

Mas é de momentos como estes que se constrói uma relação, que se constrói, neste caso, o amor parental… Porque, efectivamente, qualquer relação requer tempo, requer momentos, tempo(s) e momento(s) para estar e ser com o Outro…Porque acredito que só amamos o que realmente conhecemos e só conhecemos realmente se dedicarmos tempo a esse processo de conhecimento.
Não há amor, relação, conhecimento, sem…tempo, sem momentos, sem instantes únicos e eternos, de completa dedicação.
No livro “ O Principezinho” , de Saint- Exupéry , é sábia a mensagem metafórica dada pela Raposa ao Principezinho quando este olhou, triste, para um jardim cheio de rosas e viu que a sua era, afinal, igual a tantas outras... Então a Raposa disse-lhe:  “A tua rosa é única pois foi o tempo que dedicaste à tua rosa que a tornou tão importante, única e distinta das outras rosas!!!”

Será que hoje há tempo para se cultivar rosas únicas????
Hoje vive-se numa espécie de “fast food” sentimental!!!!  Alimentamo-nos de emoções cozinhadas no microondas!!!!
Depois, tudo sabe a pouco ou tudo é excessivo. Raramente se sente que as relações estão “no ponto” exactamente porque não levam o devido e necessário tempo a cozinhar!!! Ou são insonsas ou demasiado salgadas ou demasiado picantes ou mesmo intragáveis!!!!
São relações tipo ”lasanha” para Microondas, 5 minutos e já está!!! 
Mesmo as conversas são “conversas buffet”…
Senão, vejamos: são conversas aparentemente sem pressa mas sempre à pressa, em que se fala um bocadinho de cada assunto e nunca muito de nada em particular, em que se prova um pouco de tudo, com diálogos quase sempre incompletos e histórias quase sempre contadas na versão “trailler”…Nem tempo há para imaginar devidamente os contornos das personagens intervenientes a não ser que as ditas conversas sejam entre familiares e sobre familiares!!!!
As respostas às perguntas dos ditos diálogos incompletos são quase sempre antecipadas e bebidas – como o café- já só de um gole, que o relógio não pára e a vida continua…Não se sabe bem para onde!!!
Ainda assim, quando há conversa, mesmo “conversa buffet”, é já uma raridade…Se há conversa é porque há momentos… E para haver momentos é preciso haver tempo…E esses momentos podem ser mais ou menos intensos….
Um momento é, pelo menos, temporalmente maior  que um instante… O normal, hoje, é tão só um instantâneo SMS, devidamente abreviado para que cada vez mais  encurtado seja.
Manda-se o sms, escreve-se no mural, dá-se um gráfico sinal de vida e já está!!! 
Escrever mais???? Mas isso implica pensar…E pensar dá trabalho…E a malta desde há uns anos para cá que se dedica a bem cultivar a preguiça…
Porque, justiça seja feita, nós temos excelentes “preguicicultores” em muitos dos terrenos do nosso Portugal!!! Mas, paradoxalmente, lá fora, quase não nos dedicamos à “preguicicultura”!!!! Aliás somos, na generalidade, trabalhadores exímios!!!
Veja-se o caso do Luxemburgo cuja população total tem 20% de Portugueses e é o país actualmente com maior sucesso económico a nível mundial!!!
Evidentemente, nada tenho contra os sms, posts, links…Pelo contrário!!! Reconheço-lhes a grande e notável utilidade e qualidade! Mas também o defeito, que não é mais senão o do retrato da própria sociedade actual: a instantaneidade!
Como tudo o que é instantâneo, os posts passam (este vai passar!!! Snifff!!! Snifff!!!), os sms são apagados, os links desaparecem… E ficamos no fim com um vago registo do que se passou…  Talvez, por isso, volte a escrever cartas…Só para saborear a letra, o gesto, a escrita, o acto de envelopar, de escrever a morada, de escolher o selo, de colar o selo, de colocar no marco, de esperar tantos dias… Porque às vezes sabe bem esperar uma carta (desde que não sejam aquelas que vêm todo o santo mês a acusar os já esperados débitos na conta bancária)… Quando sabemos que ela vem, sabe bem esperá-la… E são momentos bons, os da espera!!! E são momentos bons, os do reencontro!!!!

Como estes, em que reencontro os teus olhos a pestanejar, em que observo com redobrada atenção os teus dois longos pares de pestanas  a borboletejar sobre as tuas íris floridas…
Guardo estes momentos em que observo como és linda, Bia!!!

Um dia, quando eras mais pequenina, perguntaste-me o que era um momento…

Um momento é isto…
É este tempo em que te olho, depois de te esconderes e de eu te encontrar, este tempo finito que me sabe a infinito, que se perfuma de eternidade…
É este tempo em que pouso o olhar nas tuas mãos pequenas e as trago para o meu rosto…
É este tempo ainda do nosso tamanho em que rimos juntas e em que olhamos uma para a outra a sorrir e tu me pedes água e em que eu te dou água e em que escuto a tua sede a acalmar…
Um momento é isto…Pode ser isto… Ou outra coisa…
Um momento às vezes escolhe-se...
Outras vezes, acontece-nos...
Outras vezes, ainda, escolhemos fazê-lo acontecer-nos!!!!
Como este(s)!!!!











terça-feira, 12 de abril de 2011

O sonho e a realidade...


“O real serve-nos para fabricar melhor ou pior um pouco de ideal.” 
 Anatole France

Lá fora, aterra uma realidade… Aterradora??? Talvez… Motivo de esperança??? Não sei…

Aterra, pois, em Lisboa, a equipa do FMI, Banco Central e Comissão Europeia. 
 Em gíria futebolística, atrever-me-ia a dizer que prognósticos, só no fim do jogo. E este jogo vai durar pelo menos três anos.
Não sabemos que resultado terá!
A vitória não será certamente porque quem empresta 80 mil milhões de euros não entra no jogo para brincar e muito menos para perder…

Se é verdade que este dinheiro servirá para refinanciar a dívida pública e para introduzir liquidez na economia num país que já está em recessão e praticamente em estagflação, é também verdade que isso implicará que o Governo que for eleito terá que ser um vassalo das reformas estruturais de Bruxelas.

Esperemos, pois, por mais austeridade, mais impostos, menos apoios sociais, subsídios ou pensões.
Acresce ainda que estes 80 mil milhões de euros não caem do céu mas dos bolsos dos contribuintes alemães, franceses e espanhóis que olham para nós como nós olhámos para os gregos e para os irlandeses aquando dum pedido de ajuda semelhante: os tais que falharam, que não sabem trabalhar, que só gastam e não produzem e ainda querem viver à custa dos outros…

Porque é esta a opinião internacional que prevalece dos portugueses hoje em dia, e já nem o Sol do Algarve encandeia os olhares alemães nem as proezas ronaldescas e a mega-hiper-auto-confiança do nosso Mou chegam para camuflar o paupérrimo estado da Nação…

Nação que, paradoxalmente, parece estar em estado de Negação!!!

Portugal sofre de uma espécie de tsunami económico-social e os partidos comportam-se como náufragos que, em vez de se preocuparem em repartir o último tronco flutuante,  quebram-no a ponto do mesmo não servir para ninguém.

E como se não bastasse, ainda se preocupam com detalhes mesquinhos como voltar atrás para ir buscar um porta-chaves em pleno terramoto!!!!

Pior, há aqueles que, ainda em cima do tronco (ou do trono, para quem queira!!!), pensam em lançar fogo de artifício e soltar foguetes!!!!

É verdade que o meu último post foi sobre a importância do optimismo e de pensarmos que há razões para crer que o Mundo e o país podem ser melhores…E acredito que podem…
Mas não deixo de viver na realidade…E a realidade está lá fora e aqui e aí!!! E os factos são teimosos.
Felizmente que, a par desta realidade que me assusta ainda que não me paralize, há outra que me encanta e cada vez mais me motiva a avançar…

Tenho, chamemos-lhe assim, a minha realidade de sonho…
De facto, ao mesmo tempo que existe lá fora um Poul Thomsen que aterra, existe aqui dentro uma Beatriz que, com os seus olhos reluzentes de Luar, se senta ao meu colo e me diz, ao ouvido, num sussurrar suave e doce, que gostava de ter outro animal cá em casa…
Eu esclareço, com um interrogativo nos lábios:

-Oh filhota, mas já temos o Peter Pan (o peixe) e a Tugas (a tartaruga)…Que outro animal é que tu gostavas de ter cá?

- Um “animal de coração”…

- Um “animal de coração”???? O que é um “animal de coração”, Bia?…

- É como um cão e um gato mas eu não queria um
 cão nem um gato…A Lena (a educadora) disse que era bom termos um “animal de coração”…

-Queres dizer um “animal de estimação”?

- Sim…Eu queria um animal de estimação.

-E que animal é que tu querias ter cá em casa?

- Eu queria um Coelho da Páscoa!!!!

-…J


Não é um sonho, esta realidade?????!!!!!


sexta-feira, 1 de abril de 2011

O copo meio cheio...

Numero omnia soli language…
(Os números constituem a única linguagem universal.)


Há, na vida do dia-a-dia, poucos números que nos fazem sorrir…

Na verdade, quase nunca estamos contentes com eles!!! Umas vezes nem queremos olhar para os mesmos! Outras há em que deles não desviamos o olhar e é pelos mesmos que discutimos, ralhamos, empolgamos emoções, exacerbamos estados de alma, exaltamos ânimos, entristecemos, paralisamos…

Por uma razão ou por outra, nunca nos satisfazem…
 Ou é porque a balança indica um peso muito alto ou muito baixo, ou é porque a altura é muito baixa ou muito alta, ou é porque o pé é muito grande ou muito pequeno, ou é porque o nariz é muito curto ou muito comprido, ou é porque a saia devia ser um tamanho abaixo ou acima, ou é porque o saldo da conta bancária está muito baixo, ou é porque a taxa de juro está muito alta, ou é porque o filho teve uma nota baixa ou é porque o carro devia ter mais cilindrada ou é porque devíamos correr mais em menos tempo ou é porque devíamos dormir mais horas ou é porque devíamos ter a tensão mais baixa ou é porque o colesterol está alto ou é porque a cintura é X e queríamos que fosse X-1 ou é porque a anca é Y e podia ser Y-2 ou  é porque aquele tem 2238 amigos no facebook e aquele tem 45!!! Alguns números podem traduzir realidades tão preocupantes e outras tão fúteis!!!! Se 45 for o número de mortes na estrada em relação a 2238 condutores alcoolizados numa operação Páscoa 2011 será, sem dúvida, de modo algum fútil e imensamente preocupante!!!!

Enfim!!!!
Números…Números e mais números…
Vivemos neles e, muitas vezes, para eles!!!

Deveria ser assim? Não sei… Sei que, como entidades simbólicas, serão sempre uma boa ajuda ao pensamento!!!
Se estivermos dispostos a pensar, claro!!! E, isso sim, é um pouco mais raro…

Raríssimo então é estarmos dispostos a pensar de outra forma… Pensar, por exemplo, em números que nos fazem sorrir!!!!
Temos tanta, mas tanta necessidade de sorrir por dentro e por fora!!!!
Ainda há dias reflectia sobre o facto de, ao longo do nosso desenvolvimento, ao longo do nosso ciclo de vida, irmos perdendo essa capacidade de sorrir e rir espontaneamente…

Uma criança de 3 anos, por exemplo, ri-se 90 vezes por dia (em média). Não é magnífico???

 Um jovem adulto já baixou para 20!!! Não é triste???

 Porquê esta diferença abissal se rir faz tãooooooooooo bem…
 Será o peso das responsabilidades que nos vai, paulatinamente, amachucando o sorriso?
Será que é porque ao riso está associado pouco siso, como no ditado popular?
Será que os próprios músculos que fazem um sorriso florescer nos lábios vão perdendo a força e a elasticidade?
Ou será a alma que vai perdendo a vontade de se rir para o mundo porque todos os dias é assolada com números e mais números deprimentes que só contribuem para que a felicidade se esvazie ainda mais e o copo meio cheio fique cada vez mais vazio?

Julgo que, talvez para contrariar essa tendência e dar resposta à necessidade que todos temos de sentir que há esperança, à necessidade de acreditar, à necessidade de ser feliz, de voltar a encher o copo, de voltar a ver o copo meio cheio, a Coca-Cola lançou este ano um anúncio que me pareceu genial (ainda não foi lançado em Portugal) e que serviu de inspiração a este post…
Não me cabe a função de fazer, aqui, publicidade à Coca-Cola embora considere que os seus anúncios têm sido, quase sempre, obras primas publicitárias…Mas sou uma leiga nesse campo (e em tantos, tantos outros!!! Em quase todos, se for bem a ver!!! Mas como também não vejo bem, lá me vou aventurando!!!!:)

O anúncio a que me refiro fala de números…E fala de números que falam do Mundo…
E há números que nos falam de um Mundo do qual queremos fugir…
Mas outros há que nos falam de um Mundo que nos apetece abraçar…De um Mundo onde nos apetece viver!!! Continuar a viver!!!
Porque esse Mundo é este Mundo! O nosso! Este, o único que temos!!!!

 
Este Mundo onde, por cada pessoa corrupta, há 8 000 a doar sangue.

Este Mundo onde, por cada muro que existe, colocam-se 200 000  tapetes a dizer “Bem Vindo”.

Este Mundo, onde, por cada cientista que desenha uma nova arma, há 1 000 000 de mamãs a fazer bolos de chocolate.

Neste Mundo, onde se imprimem mais notas de monopólio que dólares.

Neste Mundo, onde a palavra AMOR tem mais resultados de pesquisa no Google do que MEDO.

Neste Mundo onde, por cada pessoa que diz que o mundo vai ficar pior, há 100 casais a planear ter um filho.

Estes sim, são números revigorantes que nos dão razões para acreditar num Mundo melhor!!!

A Coca-Cola nasceu, aliás, exactamente desta necessidade de revigorar o corpo e a mente!!!!

 Uma das muitas razões pelas quais eu gostei da cidade de Atlanta foi pelo facto de ter estado no museu da Coca-Coca e na chamada “casa mãe” da marca, o que me fez conhecer e respeitar muito mais esta companhia que, para mim, confesso, até então não passava de uma americanice mundialmente difundida a que eu recorria como “tábua de salvação” nas saídas com os amigos, já que nunca fui de afogamentos etílicos!!!!

Efectivamente, uma Coca-Cola assertiva não fazia de mim uma colega menos animada do que aquelas que tomavam as rodadas de “sumo de cevada”…simplesmente me fazia a única em condições finais de conduzir!!!!

Atlanta é uma cidade que apaixona (tem, entre outras atracções, um dos maiores e mais bonitos aquários do mundo!!!) e a visita ao “mundo da Coca-Cola” é uma visita que eu até recomendaria ao Bin Laden para desmistificar os estúpidos preconceitos acerca do mundo americano!!! Lá podemos não só experimentar cerca das 3500 variações que a marca tem (!!!!)  - mas principalmente  podemos estar em contacto com toda a história da marca e, pasme-se, em contacto com O SEGREDO DA COCA-COLA (que eu não conto porque…É SEGREDO!!!! E porque me pagaram milhões de dólares para não revelar, etc, etc!!!! Claro que depois eu fui para Las Vegas e…J).

Pois bem, de facto, em 1886, após a Guerra Civil Americana, em Atlanta, altura em que se denotava na própria sociedade americana uma igual tendência para o desânimo e desgaste emocional, o  farmacêutico John Pemberton, motivado pela necessidade de desenvolver um tónico cerebral e revigorante muscular, acabou por desenvolver um xarope derivado da noz de Cola, não alcoólico (naquela época o álcool era proibido), que viria a dar origem ao French Wine Pemberton e, logo em seguida, à Coca-Cola!!!

Não deixa de ser curioso como este anúncio, cerca de 125 anos depois, continua a dar voz a uma necessidade de revigorar corpo e mente e combater o estado de desânimo generalizado a que constantemente assistimos.

Talvez haja, efectivamente, muito mais razões para sermos optimistas quanto ao futuro do nosso Mundo!!!! E, porque não, do nosso país? E, porque não, de nós próprios?

E já que comecei a falar de números mundiais, termino a falar de números…nacionais!!!!

Falemos então de mais números que nos podem fazem sorrir:

Temos hoje, em Portugal Continental e Ilhas, a quarta taxa de mortalidade infantil mais baixa a nível mundial (3 por mil!) – há 30 anos atrás tínhamos umas das mais altas (80 por mil)!!!!!!!

Temos o segundo mais importante registo europeu de dadores de medula óssea!!! – este facto é importantíssimo para o combate às doenças leucémicas.

Somos líderes mundiais no transplante do fígado e de rins!!!!

Temos pelo menos oito grandes empresas de renome lá fora (a Renova – somos líderes na revolução do conceito de papel higiénico!!!! Isto é muuuuuuuuiiiiiiiitooooo mais importante do que se pode pensar a priori!!!! ; a Efacec, a PT, a Jerónimo Martins, a Glint – informatização das farmácias, a Bial- que desenvolveu o primeiro antiepiléptico de raiz portuguesa;  a Alert – software para eliminação do papel enquanto suporte do registo clínico dos hospitais; a Sonae, a Geox!!!!

Temos um NOBEL DA LITERATURA (José Saramago), um NOBEL DA MEDICINA (Egas Moniz), dois Prémios NOBEL DA ARQUTECTURA (é como se fosse) – Siza Vieira e Souto Moura!!!

Temos um Fernando Pessoa, um Camões, um  António Vieira, um Eça, um Torga, um Camilo, um O´Neil, um Antunes, um Vergílio Ferreira, uma Florbela…

Temos uma Graça Morais, Paula Rego, Soares dos Reis, um Júlio Pomar, um João Cutileiro…

Temos um Carlos Lopes, uma Rosa Mota, um Eusébio, um Mourinho, um Cristiano Ronaldo, um Nuno Delgado, um Nélson Évora, uma Vanessa Fernandes…

Temos uma Maria João Pires, uma Joana Carneiro, um Vitorino  de Almeida (que toca Chopin como ninguém a ponto da sua performance estar editada, na Áustria e outros países, há mais de vinte anos, vendendo imenso e sendo reconhecida, e só agora ser editada em Portugal!!!).

Temos um António Damásio, uma Maria de Sousa, um Coimbra de Matos, um Alexandre Quintanilha, um Carvalho Rodrigues…

Temos um Aristides de Sousa Mendes!!!!

E, muito, muito, importante, temo-lo a si, que teve o mérito e a paciência de ler até aqui!!!!

É por estes e outros números, por estas e por outras razões que este país certamente tenderá a melhorar e a ir para a frente!!! (para Oeste não pode senão afunda!!!! Ainda mais????, pensarão certamente!!!! Então esse optimismo, digníssimo leitor!!!! Olhe que a autora faz beicinho!!!)

Olhe que vale a pena acreditar nisso até porque nos facilita a caminhada!!!

Se é verdade que não podemos controlar o que está fora, a marcha de muitos dos acontecimentos, ao menos que controlemos o que está por dentro: aquilo em que acreditamos e a nossa forma de olharmos para uma mesma realidade!

Enquanto a sociedade não nos deixa respirar de maneira mais aberta, talvez a solução seja esta: olhar para as coisas de outra forma!!!

E, já agora, uma sugestão: aproveite estes entardeceres embalados de sol e primavera, sente-se na esplanada, se a geografia lhe permitir, aproveite para mergulhar o olhar no longo Atlântico ou Mediterrâneo que tem à sua frente, peça uma coca-cola (ou afim…e sim, pode ser um “sumo de cevada”!!!) e divida-a com alguém!!!!

E encha ambos os copos até os dois (os copos!) ficarem meio…cheios!!!!

Vai ver que o desânimo, se existe, passa muito mais  depressa!!!!

Ahhh, só falta mais uma coisa!!!!

Sorria!!! Vá lá!!!!
Isso!!!!
EXCELENTE!!!! J