Parece quase um oxímoro mas é uma grande verdade: duas pessoas só crescem em intimidade quando, juntas, se respeitam na distância...
.... e se comovem na beleza de um segundo.
O afeto genuíno só se constrói forte quando, na pluraridade
das diferenças, se respeitam singularidades e espaços de ser …
Amar o outro envolve, acima de tudo, esta minuciosa arte de gerir distâncias…. Envolve saber estar perto mas não ao ponto de sufocar… E envolve saber estar longe mas não ao ponto de abandonar…
Amar o outro envolve, acima de tudo, esta minuciosa arte de gerir distâncias…. Envolve saber estar perto mas não ao ponto de sufocar… E envolve saber estar longe mas não ao ponto de abandonar…
Por isso, amar exige sempre a alma sensível do artista e a
árdua precisão do engenheiro. Ao mesmo tempo, exige a inspiração do poeta e o
fôlego cardíaco do atleta.
Porque amar é também a capacidade constante de
nos comover-nos…de mover-nos com... seja na subtileza de um segundo...ou dum minuto...ou duma vida inteira.
É comunhão de transparências, sensibilidades, olhares, visões
do mundo e espontaneidades de dois seres que se movem ao mesmo tempo, em sintonia um com o outro e um para o outro.
Dois seres que, num mesmo percurso (e, por vezes, num feliz acidente de percurso!) se encontram a meio dos gestos, a meio duma palavra que se quis silêncio, a meio dum respirar de alma, suave e quente, dum olhar que se quis quieto e calmo, dum momento que se quis demorado e longo…
Dois seres que, num mesmo percurso (e, por vezes, num feliz acidente de percurso!) se encontram a meio dos gestos, a meio duma palavra que se quis silêncio, a meio dum respirar de alma, suave e quente, dum olhar que se quis quieto e calmo, dum momento que se quis demorado e longo…
É sempre um crescendo de intimidade, de afeto e beleza quando
duas pessoas se comovem juntas e, principalmente, se comovem uma com a outra,
mesmo à distância, com aquilo que levam uma da outra dentro de si, …. No
sentido em que se sintonizam com o mais fundo do outro…e de si próprias.
E são, frequentemente, essas pequenas grandes coisas que mais
valor têm…e que não se podem comprar. Aliás, normalmente só tem incalculável valor
o que não se pode comprar! Pode-se comprar morangos mas não se pode comprar os
morangueiros em flor no campo em que florescem… nem a delícia dos lábios a
saborear o vermelho do fruto. Isto não tem a ver com dinheiro. Pode-se dar
dinheiro por coisas que têm valor. Uma fotografia, por exemplo, tem um custo,
mas o seu valor está onde ela não está, na mistura entre o momento e o sonho
que nos agarra quando a vemos. Também assim é o amor.
E por isso podemos amar o outro nas pequenas grandes coisas…
Que não têm preço… porque são elas, quase sempre, que nos comovem. Amamos o outro
na bondade tornada gesto ou atitude, amamos o outro na beleza tornada palavra, amamos
o outro no cuidado, num timbre de voz, num sorriso musical, numa curva de lábios,
num olhar com poemas dentro, num coração feliz inundado de sol, numa pele a cheirar
a manhãs de luz e verão, num segredo misterioso e belo de ser que se entende
sem se dizer, num equilíbrio de alma que não sufoca...
Amamos o outro, sobretudo, na sua capacidade de tornar o tempo mais tempo e de tornar a vida mais viva... De dar, em suma, mais beleza a cada segundo nosso. E com isso o encher de...eternidade.