quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

"Continagem"...ou a arte de deslizar até 2011

“Continagem”…

O neologismo foi da Bia. A coragem, do Tiago…
Explico: nestes últimos dias do ano decidimos dedicar alguns finais de dia a… “continar”!!! O mesmo é dizer, em bom “Biaguês”, a patinar ao pé do Continente (pub!!!)!!!
Decerto que patinar no gelo perto de um hipermercado poderá não parecer, para muitos, a melhor forma de terminar o ano ou, sequer, uma boa forma de diversão!!!
Mas para este trio (tenho a honra de me juntar às duas magníficas criaturas supra-referidas!!!), é-o! E é-o porque todas as outras pistas de gelo ficarão, certamente, a impossíveis quilómetros de distância e é-o porque nos divertimos verdadeira e independentemente da paisagem que nos rodeia, dos olhares sequiosos de gozo perante as inevitáveis quedas dos inexperientes, das luzes quentes, do calor húmido a sair dos lábios, dos sacos de compras a pedir descanso…
Deslizar (ou "continar"!!!) até 2011 foi a melhor e mais divertida forma que encontrámos de nos despedirmos de 2010…

Isto porque patinar resume toda a vida deste último ano… Resume as quedas que se deram por se estar, ainda, a aprender os equilíbrios da vida; resume a coragem de nos termos levantado; resume o termos aprendido melhores e mais seguras formas de o fazer prevenindo recaídas sucessivas; resume a força de continuar em movimento; resume o prazer de continuar em movimento; resume a perda, o ganho, nem perda nem o ganho; resume o estar, simplesmente, a continuar a aprender  melhores formas de ”continar”, deslizar e patinar no gelo quente que é a vida.
Porque, na essência, essa vida, a nossa vida, é tão semelhante ao gelo de uma pista…
Também ela exige  que a alisemos quando já muito gasta está. também ela exige que acreditemos na sua solidez, que usemos o calçado certo para nela caminhar, que sejamos prudentes o suficiente para não nos magoarmos mas audazes quanto baste para nela ganharmos velocidade e sentirmos o enorme prazer de estarmos em movimento…Movimento que é, em suma, o enorme prazer de estarmos…vivos.

E assim, sem medo das quedas, bem apetrechados de capacetes, cotoveleiras e joelheiras, patins nos pés, entusiasmo no coração e coragem na alma, aqui vamos nós a “continar”…até 2011!!!!


segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

"Mãe, quanto custa o pai???!!!"

A Bia e o Tiago têm tido a sorte de ter um pai sempre presente desde o momento em que ainda eram…embriões!!!
Desde o primeiro choro que o pai não os largou senão para os levar ao infantário e, sempre que eles queriam, à casa dos avós, tia e bisavó ou a festas e passeios da escolinha… Tem sido, na verdade, um verdadeiro pai-mãe, que tanto brinca como alimenta, que dá banho, veste, despe, torna a vestir, adormece… O pai que ora brinca ao pião, ora dá papa às bonecas, ora faz corridas de carros, ora penteia os nenucos (que são carecas!!!!), que muda as fraldas (que, felizmente, já só a Bia usa à noite, para dormir), que grava os desenhos animados que eles gostam, que adormece a pequenina na sua perna, que faz os biberões, que joga à bola, que enfeita a casa só para eles!!!! Um pai presente que é um verdadeiro…Presente!!!!
Só assim se explica a pergunta da Bia, de três anos, quando, após dois dias sem ver o pai, perguntou, quando fomos os três (eu, o Tiago e a Bia) ao supermercado Modelo (nao é pub!) e eles ficaram, como sempre, de olhos demoradamente poisados no sedutor (e caro!!!) mundo dos brinquedos:

-“Mãe, quanto custa o pai?”

Na altura, ri-me, peguei-a ao colo e dei-lhe um beijinho, dizendo que o pai, o pai da Bia e do Tiago, era a coisa mais cara do mundo!!!! Tão valiosa que não tinha preço!!! A Bia, claro, franziu o sobrolho e perguntou: mas eu não posso comprar o pai agora? Eu quero o pai!!!!
Acho que naquele momento a Bia aprendeu uma das maiores lições de vida: Nem tudo se pode comprar e o que realmente nos faz felizes não está à venda!!! Nem tem preço!!!!
Na verdade, o pai não custa nada e, ao mesmo tempo, custa muito, tem um valor incalculável! Custa tanto que nem tem preço. Como tudo o que é essencial à vida, aliás!!!! Os maiores e melhores presentes como ter a mãe e o pai presentes, não se podem comprar no supermercado. Não têm um preço porque o seu valor é incalculável! Feliz ou infelizmente!!!! Não sei… É que, afinal, às vezes penso como a Bia:  Não seria  mesmo bom podermos ir ao supermercado e comprarmos o pai, que hoje não está, ou o avô que já não vai estar, ou o amigo que só está de vez em quando?

Não sei se o “Sr. Sonae” já pensou nisto, mas certamente que já: Pôr pais à venda!!! Afinal, são tantas as crianças que precisam! E avós, então, nem se fala!!! E bisavós?! Uiiiiiiiiiiiiiiiiii, esses iam atingir valores exorbitantes!!!!
Pois, deve ser mesmo por isso que ainda não estão à venda!!!
É que quem mais deles precisa não tem poder de compra!

Neste natal, talvez valha a pena pensar nisto: os nossos melhores presentes não cabem numa bota, não precisam de ser embrulhados, não têm sequer preços colados.
Os nossos melhores presentes são as pessoas que trazemos coladas ao coração!!! E que, mesmo ausentes, estão lá sempre…Presentes!!!
Feliz Natal!!!!!!!!!!!


quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

"E assim acontece"...a vida entristece...

Há coisas que não deviam acontecer... Mas acontecem... E aconteceu que Carlos PINTO COELHO faleceu...Ontem, de ataque cardíaco, aos 66 anos. E "Assim Acontece"... A vida, de repente, entristece...

Eu e o Carlos Pinto Coelho conhecemo-nos quando ele me entregou, pela segunda vez consecutiva, o prémio Acontece de 300 livros... Desde aí, ficámos amigos...Amigos ao de leve, mas amigos...

Ao de leve porque ele não me via com a frequência com que eu o via e ouvia... Ao de leve porque mais recentemente já nem nos víamos, sequer. Mas falávamos, ora por e-mail  ora, mais recentemente, por telemóvel (cheguei a convidá-lo para ir ao ISEC para participar numa aula e, recentemente, para participar num evento. Infelizmente, não pode estar presente em nehuma das ocasiões).

Ainda me lembro quando revelou o meu nome no programa: "E o prémio desta semana, de 300 livros, vai para a jovem Mónica de Sousa Mendes que, à pergunta: "Como seria um serão dos portugueses sem televisão?", respondeu: "Um diálogo de olhares desamparados!"... E terminou com o seu habitual "E assim Acontece"... Outros 300 livros voltaria a receber... Mas aí, dessa vez, o grande prémio foi conhecer o Carlos! O Dr. Carlos Pinto Coelho, como lhe chamei, e que ele se prontificou a simplificar por Carlos...

Porque ele era simples. Era simples de tão complexo, de tão imenso, de tão denso no ser e no estar...No pensar, também. Quando o programa "Acontece" saiu do ar, ainda assim não morreu... Ficou sempre a expectativa de que iria voltar...Porque fazia falta...Ao país...Aos portugueses...Ao serão dos portugueses... Mas não voltou... Não sei porquê. Esse, podia voltar... Mas o Carlos, esse, nunca mais volta... Só fica, a acontecer, sempre, dentro de nós...

Quando a morte de Carlos aconteceu, a vida de muitos, certamente, entristeceu... É verdade que todos sabemos que a morte acontece, que acaba, de certeza, por acontecer... Acontece... Mas não devia. Principalmente com tantos "aconteceres" que ficaram por...Acontecer!!!!

Assim Acontece... Mas...A (nossa) Vida Entristece!






segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

MEDO DE (não) SER…CAMPEÃO!


“Por vezes, o fracasso é uma opção…mas o medo não.” James Cameron

“Todas as crianças sonham ser campeões mas também todas elas têm o direito de o não ser!” Hugo Lopes



Ele estava ansioso por aquele dia…Com o tamanho dos seus quatro anos, contava para além de quinze os dias que faltavam para o Torneio de Natal na Playhouse, onde iria jogar com as equipas do Benfica, Sporting e Porto.
Contou à família toda, aos amigos, aos desconhecidos, colocou o panfleto a anunciar o importantíssimo torneio no infantário, enfim… Com as palavras ainda a precisarem de arestas, típico dos quatro anos, anunciou aos quatro ventos (e cinco e seis e sete e oito…) que andava no futebol e que a sua equipa ia jogar contra (ou a favor!!!!) o Benfica (o seu clube do coração, e da alma, e do estômago!!!), o Sporting (que, para ele, vem de Espanha!) e do Porto (que vem da África do Sul!!!!). Ele queria estar lá, iria jogar, iria marcar duzentos e mil golos, até na própria baliza ou com a mão se preciso fosse (técnica pela qual ele é, aliás, distritalmente conhecido!!!!).
Os dias foram passando à velocidade dum chuto ronaldesco. Até que chegou a semana que incluía o Sábado do ansiado e proclamado Torneio.
Na Segunda começam então as cólicas, as dores de barriga, o “não quero ir à escola (infantário)”… “Porquê Tigas?””Poque a carne da escola não tem vitaminas e eu preciso ficar forte…É melhó eu ir pá vó Bia poque lá a chicha é boa!”; Terça: vómitos, dores de barriga e o “hoje não posso mesmo, mesmo, mesmo ir à escola”…”Porquê Tigas?””Poque eu choro, eu tenho que chorar e lá não me deixam chorar e zangam-se e gozam comigo e não me deixam sossegado”.
Quarta(FERIADO): estávamos a ver o Yacary e surge uma família de castores em que o castor pequenino começa a chorar assim que vê as folhas das árvores caírem, no Outono, e, a partir daí, chora todos os dias, nada o anima e não quer sair da toca. Os pais castores, preocupados, vão pedir ajuda ao castor ansião que lhes diz: Ele tem a doença da melancolia!” Comentário do Tigas, a agarrar-me o braço, muito inquieto: Mãe, é esta doença que eu tenho! Eu apanhei o virús da “meancolia”! Percebes poque é que eu não posso ir à escola?”. Quinta: casa da avó Bia, o dia todo feliz, a jogar ao pião com a bisavó (ou melhor, aos piões, dois “Beyblades” que giram que se fartam e que são tão giros quanto caros! Atenção: para quem quiser, é verdade que se pode viver sem os verdadeiros e os do chinês são muiiiiitoooooooooooo mais baratos mas…não são a mesma coisa! E os pestinhas, só com 4 anos, não se deixam enganar e reclamam a diferença!) Sexta: casa da avó de manhã, mãe e treino à tarde. Tudo bem! Tudo óptimo. As dores de barriga são uma miragem, os chutos estão potentes, o miúdo parece não ter virús nenhum da melancolia e parece, isso sim, ter sido contaminado, novamente, como é típico nele, pelo virús da…Alegria.
Finalmente, Sábado, o GRANDE DIA!!!!
De manhã, tudo impecável…Só falava no jogo, que não queria chegar atrasado, que queria o penteado “à Cristiano Ronaldo”, que tinha que ir já equipado (faltavam ainda cinco horas!!!)…Pôs-se o gel para fazer a tal “crista”, empinocou-se o “galaró” com o equipamento principal, confirmou-se que os avós todos iam assistir, inclusivamente o avô Quim, de 90 anos (que faz hoje, dia 7 de Dezembro, 91!Parabéns querido sogro!!!! Adoro-o!!!). Chegados ao local: a mana Bia, de 3 anos, a dormir no carro…O mano Xavier (que fez ontem 19 anos… Parabéns já dados mas, como nunca são demais, parabéns outra vez, principalmente por seres realmente fantástico!), que pacientemente ficou a tomar conta da mana. O Tigas a correr para o campo, a dizer que ia atrasado, eu com mil e um casacos e máquina fotográfica e carteira e lancheira e garrafa de água e tudo e tudo e tudo…
Entramos no pavilhão… A visão entope-se com a multidão de “adeptos”, equipas, treinadores, ajudantes, árbitros, música da UEFA, cheiro a bifanas e chouriços, etc, etc…
A “casa” onde já tantas vezes o Tigas treinou, chutou, brincou, lançou, jogou, marcou , é-lhe, agora, desconhecida. Procura incessantemente, cortando a multidão cor de laranja, verde, vermelha e azul, o Miguel, seu treinador do coração (que adora até mais não!!!!). Não o vê a “dar mais cinco” como é costume mas de microfone à beira dos lábios, a anunciar o início do Torneio.Tenta dar-lhe a mão mas é tanta a confusão que a perde…
E perde-se. Tenta juntar-se aos colegas de equipa mas não consegue porque os colegas estão a jogar aos encontrões. Vem para ao pé da mãe. A mãe incentiva-o a ir para o pé dos colegas. Ele vai e volta para o pé da mãe, a mãe, qual bola de futebol, chuta-o suavemente para ao pé dos colegas. Ele vai e volta para o pé da mãe… O “Tigas-bola” continua a rolar, da mãe para os colegas… até que o mandam alinhar. Vai em segundo lugar na fila da equipa.
O treinador Miguel vai anunciando, alternadamente, o nome de cada mini-mega jogador, entrando estes no campo e alinhando-se horizontalmente num arco-íris de quatro cores. Chega a vez do Tigas… Começa a correr para o campo, pára, olha e recua… Começa a chorar efusivamente, intensamente, ansiosamente, imparavelmente… Ainda o tentam deter, convencer, animar… Infelizmente, a boa-vontade era imensa mas só o faziam piorar… A mãe??? A mãe???? E a mãe vai e a mãe vem… com ele agarrado à perna. Pega nos seus vinte quilos ao colo e enxagua, primeiro com a manga e depois com o pacote de lenços inteiro, seus quarenta litros de lágrimas. O Tigas não mais quis voltar para o campo. Mas também não se queria retirar. Queria simplesmente ficar…só a ver. Todos o tentavam convencer. “vá lá, tu és o nosso herói””então tu jogas tão bem, vai lá jogar””Oh Tigas, isto nem parece teu…Tu gostas tanto do futebol…Até marcas golos com a mão… vá lá, pai para ao pé da tua equipa”, dizem e repetem-se várias vozes… O choro acentua-se… A tensão também… Acabo por sair… mas ele quer voltar. Só não quer entrar no campo. Até que quarenta minutos de lágrimas depois, vêm o Ducas, o Tiago e o Mota. Bem mais velhos que ele mas só eles capazes de ficarem ao seu tamanho… Só eles sabem como conversar com o Tigas, como brincar com o Tigas, como convencer o Tigas a entrar no campo e a ficar com eles, fora das quatro linhas, a jogar… Qual mãe, qual quê… Ele é remates, ele é fintas, ele é toques de calcanhar, acompanhado pelos três mosqueteiros que tão bem o sabem incentivar…
Entretanto, a mana acorda, o mano mais velho trá-la para o pavilhão, a garota não se assusta com o barulho e a música alta, bem pelo contrário, e começa a dançar, e diz: “isto aqui é tão bom!” e depois pede batatas e depois lambuza-se com as primeiras bifanas no pão que comeu na vida!!!!
O torneio está prestes a terminar. Dá-se uma ajuda a carregar os presentes que todos vão receber!!!! Todos, menos o Tigas que, chegada a hora de acabar e ir receber o seu presente, volta a chorar e pede para se ir embora. Vamos… No carro, diz, soluçando: “Eu hoje só queria jogar ao pião, não queria jogar à bola!”
Chegado a casa, despe-se do equipamento e das lágrimas. Deita-se no sofá, tapa-se, agarra no pião e encosta-o ao coração… Desabafa: “Sabes, mãe, aqueles meninos eram muito grandes e aquelas bolas hoje estavam gigantes. Se eu levasse com uma podia morrer, sabes? E eu quero ainda jogar muito ao pião. Tu não ficas zangada, pois não?””Claro que não. Eu gosto sempre de ti, quer jogues à bola ou não!!!!” E fui a correr para o quarto para enxugar, entretanto , umas vinte e tal lágrimas teimaram jorrar e não se conter no poço do coração.
Afinal, quer  tenhamos quatro, cinco, seis, doze, catorze, trinta, quarenta, cinquenta, setenta ou noventa e um anos, há sempre um dia em que não queremos ser campeões, em que não queremos ser os condutores mas os peões. E todos temos o direito a essa opção.
Porque, na verdade, independentemente da idade, todos nós temos dias em que não queremos fazer girar uma gigante bola… mas sim um minúsculo pião!

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Chegar a tempo...

"Para a minha mãe, que faria hoje 50 anos, e sempre desejou ter um gato laranja que não chegou a tempo..."


A frase demorou a sair-me da retina, do pensamento e do coração. Quem a disse foi Eunice, que a fez acompanhar, com o seu excepcional talento para a ilustração, da pintura em aguarela de dois gatos... Um preto e branco ao lado de um laranja, o tal...que não chegou a tempo.

Eu li, vi, sorri, chorei... Pensei, com tempo, nas vezes em que não cheguei a tempo... E no que perdi por perder tempo com coisas que não valem o tempo que se perde com elas...

Aqueles cinco minutos em que paralizei o olhar numa qualquer montra e, tonta, não olhei, não sorri, não abracei ninguém.
Aqueles dez minutos que demorei a decidir, entre tantos iogurtes que nas prateleiras havia, qual era o tal... Tanto tempo perdido num gesto tão banal...
E aquelas três horas que perdi num tal mega centro comercial, o tal Dolce Vita, que Portugal inteiro já visitou...Três horas!!!!
As mesmas três horas em que não cheguei a tempo de me despedir da vida... do meu avô.  
E aqueles inúmeros quarenta minutos que já perdi em filas do supermercado.... Aqueles quarenta minutos em que não estive ao seu lado... 

 E se pensar em todas aquelas horas, tantas, que perdi no trânsito da 2ª Circular???? Quantos passeios à beira- mar, de mão dada à alegria das minhas crianças, não ficaram por dar???
E, porque o trânsito da vida vai, certamente, continuar, quantos mais não ficarão por dar????

Chegar a tempo... Eunice lamenta, com o coração a pincelar-lhe a mão, um gato laranja que não chegou a tempo à vida da sua mãe...

Outros lamentam não chegar a tempo de ser...Alguém.

Mas a maioria, essa, passa o tempo a lamentar-se por não ter chegado a tempo de apanhar aqueles saldos, aquela promoção... De não chegar a tempo de comprar, com 50% de desconto em talão, o tal brinquedo para o Natal, a tal Barbie, a tal Kitty, a tal Carlota Cambalhota, a tal mota, o tal BayBlade, esse mágico (e caríssimo) pião...

E é assim que, principalmente neste mês de Dezembro, a vida rodopia, sem parar, nas comprar que há para fazer, no presente que falta comprar...

Mas o essencial nunca estará à venda... Paradoxalmente, é gratuíto... e não há ninguém que não se tenha lamentado, pelo menos uma vez na vida, que não o tem!  É infinito... e nunca chega para alguém! Chama-se: Tempo!!!!

Que, pelo menos neste mês, se chegue ao menos a tempo de dedicar mais tempo a alguém! A um desconhecido, a um amigo, a um sem-abrigo, a um avô, avó, bisavó, tia, tio, primo, filho, filha, pai ou mãe.

E, já agora, em vez de se perder tempo a comprar isto e mais aquilo, as meias, o casaco, o colar, o chapéu para realçar a franja, por que não dar um presente a uma vida, salvando e adoptando, da rua ou de um gatil...um gato, preto, branco, castanho ou... laranja?
Ou, por que não, um cão de nariz cinzento? (Todos o têm dessa cor, não?!!!)

Mas chegue a tempo pois, nos canis e gatis deste país, os cães e gatos não duram muito tempo!


                                      Ilustração de Eunice Rosado