segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

"Mãe, quanto custa o pai???!!!"

A Bia e o Tiago têm tido a sorte de ter um pai sempre presente desde o momento em que ainda eram…embriões!!!
Desde o primeiro choro que o pai não os largou senão para os levar ao infantário e, sempre que eles queriam, à casa dos avós, tia e bisavó ou a festas e passeios da escolinha… Tem sido, na verdade, um verdadeiro pai-mãe, que tanto brinca como alimenta, que dá banho, veste, despe, torna a vestir, adormece… O pai que ora brinca ao pião, ora dá papa às bonecas, ora faz corridas de carros, ora penteia os nenucos (que são carecas!!!!), que muda as fraldas (que, felizmente, já só a Bia usa à noite, para dormir), que grava os desenhos animados que eles gostam, que adormece a pequenina na sua perna, que faz os biberões, que joga à bola, que enfeita a casa só para eles!!!! Um pai presente que é um verdadeiro…Presente!!!!
Só assim se explica a pergunta da Bia, de três anos, quando, após dois dias sem ver o pai, perguntou, quando fomos os três (eu, o Tiago e a Bia) ao supermercado Modelo (nao é pub!) e eles ficaram, como sempre, de olhos demoradamente poisados no sedutor (e caro!!!) mundo dos brinquedos:

-“Mãe, quanto custa o pai?”

Na altura, ri-me, peguei-a ao colo e dei-lhe um beijinho, dizendo que o pai, o pai da Bia e do Tiago, era a coisa mais cara do mundo!!!! Tão valiosa que não tinha preço!!! A Bia, claro, franziu o sobrolho e perguntou: mas eu não posso comprar o pai agora? Eu quero o pai!!!!
Acho que naquele momento a Bia aprendeu uma das maiores lições de vida: Nem tudo se pode comprar e o que realmente nos faz felizes não está à venda!!! Nem tem preço!!!!
Na verdade, o pai não custa nada e, ao mesmo tempo, custa muito, tem um valor incalculável! Custa tanto que nem tem preço. Como tudo o que é essencial à vida, aliás!!!! Os maiores e melhores presentes como ter a mãe e o pai presentes, não se podem comprar no supermercado. Não têm um preço porque o seu valor é incalculável! Feliz ou infelizmente!!!! Não sei… É que, afinal, às vezes penso como a Bia:  Não seria  mesmo bom podermos ir ao supermercado e comprarmos o pai, que hoje não está, ou o avô que já não vai estar, ou o amigo que só está de vez em quando?

Não sei se o “Sr. Sonae” já pensou nisto, mas certamente que já: Pôr pais à venda!!! Afinal, são tantas as crianças que precisam! E avós, então, nem se fala!!! E bisavós?! Uiiiiiiiiiiiiiiiiii, esses iam atingir valores exorbitantes!!!!
Pois, deve ser mesmo por isso que ainda não estão à venda!!!
É que quem mais deles precisa não tem poder de compra!

Neste natal, talvez valha a pena pensar nisto: os nossos melhores presentes não cabem numa bota, não precisam de ser embrulhados, não têm sequer preços colados.
Os nossos melhores presentes são as pessoas que trazemos coladas ao coração!!! E que, mesmo ausentes, estão lá sempre…Presentes!!!
Feliz Natal!!!!!!!!!!!


1 comentário:

  1. Concordo completamente com o que publicaste.

    Infelizmente, vivemos numa sociedade consumista - e, por isso, consumida - em que apenas aquilo que custa dinheiro - de preferência, muito - é que tem valor.

    Aprendi com alguém, há muitos anos, que não devemos dar nada. Calma, eu explico. Na altura, tratava-se de parafusos. E essa pessoa - meu mestre - disse-me que se eu desse a alguém um parafuso, que nenhuma falta me fazia, e cujo valor é praticamente nulo, mas que fosse fundamental para essa pessoa, ela não valorizaria isso nunca, nem lembraria mais isso. No entanto, se eu cobrasse pelo parafuso um valor (simbólico que fosse), essa pessoa recordaria toda a vida que eu lhe tinha vendido um miserável parafuso, que a tinha desenrascado num momento crucial mas... que tinha cobrado por ele. A minha experiência de vida já me demonstrou, por diversas e variadas vezes, que o meu mestre estava certo. Moral da história: tudo o que é oferecido não tem valor.

    Voltando à sociedade, observo frequentemente que, para a maioria das pessoas, divertir-se significa gastar dinheiro. Se uma actividade lúdica não implicar dispêndio de dinheiro, então ela será tudo menos lúdica. Tenho pena que se pense assim, até porque o que não falta são actividades lúdicas a custo zero.

    Mas não só. A maioria das pessoas compete através dos bens materiais que exibe, não através do seu valor como pessoas, seja no plano afectivo, social e/ou profissional.

    Isto propaga-se às crianças. Muitos progenitores (mães e pais), porque normalmente ausentes, optam por (tentar) compensar os filhos através de bens materiais (brinquedos, actividades lúdicas, etc.), educando-os assim para o materialismo e para o consumismo. Esses progenitores não têm 100% culpa, pois foram educados assim. Mas, como seres racionais que são, deveriam racionalizar e ver que tal conduta não é a melhor.

    E é tão vulgar vermos crianças "inundadas" de brinquedos, não valorizando nenhum em especial...

    Muito poderia eu dizer acerca deste tema mas não quero monopolizar o teu blog.

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