sábado, 25 de maio de 2013

Ser mais ou... Ser melhor?

Só melhora aquele que sabe sentir.
 
Nietzsche
 
 
 
 
 
Haverá sempre uma grande diferença entre sermos mais e sermos melhores... Não raramente observamos pessoas empanturradas de si próprias exactamente porque fazem das próprias vidas um catálogo de bens a adquirir ou experiências, viagens, festas, relações para partilhar com este e aquele ou formações para encher currículos ou, ou, ou...
 
 
A questão é: Este "catálogo" tornou-me melhor ou empanturrou-me dentro de mim próprio? Tenho uma vida melhor ou fiz uma vida menor a partir do tanto que lhe quis acrescentar? A verdadeira comparação deve ser sempre feita em função de nós próprios e nunca em função dos outros. Não interessa se somos melhores ou piores que os outros, se temos mais ou menos.
 
 Na verdade, esse tipo de comparações tende a não contribuir em nada para a nossa sensação subjectiva de felicidade ou realização pessoal. A comparação mais eficaz é comigo e com o meu momento presente: Sou, hoje, uma pessoa melhor do que era? Posso ser hoje uma pessoa melhor do que fui ontem?
 
E a resposta é: Sim! A qualquer hora!
Mesmo que o nosso catálogo de possibilidades esteja em "baixo"... Porque, ao contrário do verbo "Ter", o verbo "Ser" é muito menos exigente do que se pensa...O problema é ser tantas vezes mal conjugado...e entendido!
 
 Não precisamos de ser super-heróis para sermos melhores. Não precisamos de ser perfeitos. Apenas precisamos de ser...com todo o nosso ser. Às vezes, muitas vezes até, para sermos melhores, não é mesmo preciso sermos mais. Pelo contrário, é preciso sermos MENOS. Menos descuidados, por exemplo.
 
 
Todos temos muitos descuidos. Sobretudo para com as pessoas mais seguras para nós. Todos nós guardamos o melhor das nossas iras para as pessoas de quem gostamos mais. E todos nos magoamos com isso. Não será por querer, claro, mas por negligência. Por descuido. Nunca conseguimos estar tão atentos quanto queríamos , sobretudo quando se trata de amar. E todos nós, pelo menos em períodos mais turbulentos (ou turborápidos!) de trabalho que nos engolem os minutos que temos e apelam aos que não temos, de descuido em descuido, vamos promovendo desamparos.
 
E desamparos repetidos geram desistências, cansaços... Facilmente ultrapassáveis, contudo,  se deixarmos o coração acontecer... e não engavetarmos os sorrisos, os gestos de partilha e as palavras meigas e inesperadas de poesia nos armários mais recônditos da alma.
 
 
Melhoramo-nos sempre quando, por exemplo, aprendemos a ouvir melhor... Somos melhores, mais bonitos até, diria um psicanalista de quem muito gosto, quando sabemos escutar e tomar atenção.
Saber escutar é o princípio da tolerância, da humildade e da sabedoria, um lugar de verdadeiro encontro, atenção e cuidado para com o outro. 
 
Na verdade, tendemos a andar demasiado alerta mas sem dar verdadeira atenção.  Quase todos deixámos de o fazer, ora por estarmos tão repartidos por mil coisas, todas a concorrer umas com as outras, ou porque nos voltámos para dentro de nós próprios de tão intoxicados estarmos de pessoas "assim-assim" e de más experiências.
 
Mas sem prestar atenção à vida, às vidas que temos dentro e às que nos passam ao lado, vamos perdendo oportunidades únicas de crescer, amar e sermos verdadeiramente...melhores!
 
 
 
 
 
 


 
  
   
  
 
 





11 comentários:

  1. Adorável.
    São pessoas e palavras assim que nos fazem melhorar.
    Bem haja.

    ResponderEliminar
  2. Que máximo! Muito bom mesmo!!!! Amei. Como sempre.
    Parabéns e muitos beijinhos:)
    Sofia Bu

    ResponderEliminar
  3. Querida Professora, está lindo, lindo, lindo como sempre. A professora não só sabe ensinar de uma forma mágica e linda que nós nunca esquecemos como adivinha e diz o que o nos vai no coração. Sou sua fã nº 1. Mas falta o livro professorinha. Queremos o livro para a termos sempre connosco :)
    Com muita admiração e beijinhos.
    Ana Martinho

    ResponderEliminar
  4. Excelente Mónica! Gostei de várias passagens do texto, em especial de tendermos a voltar-nos para dentro por estarmos fartos ou intoxicados por pessoas assim-assim ou más experiências. E depois tornamo-nos desatentos ou descuidados, como dizes e muito bem. Ou mesmo desconfiados e a jogar à defesa. Gostei imenso! Bjs João

    ResponderEliminar
  5. Sempre esplêndido! Não devemos desistir de melhorar. E muito menos de vir aqui ler coisas bonitas e que nos enchem o SER.
    Grande Abraço cheio cheio.
    Inês Barbosa

    ResponderEliminar
  6. Sempre com muita sabedoria e muito bem escrito.

    ResponderEliminar
  7. E maravilhoso quando ha pessoas com esta mentalidade sempre virada para o interior de cada um. Parabens.

    ResponderEliminar
  8. To BE the best of our Best...Beautiful !
    You are realllllly GOOD
    Congratulations!

    ResponderEliminar
  9. Muito bem pensado, não via as coisas assim por nem pensar nelas, mas graças a este texto dá para fazer um introspeção e perceber que cada um é como cada qual e não deve esforçar se para que as outras pessoas tenham um boa opnião, com objectos viagens ou mesmo eventos sociais, mas sim através de atitudes e comportamentos.
    Grande Beijinho continua :)

    ResponderEliminar