segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Ventre de Mulher- Mãe

The best thing about me is you...



Há plurais que nos tornam mais singulares…

Posso dizê-lo, já sem o receio dos lugares comuns, que a minha singularidade como mulher cresceu quando do meu ventre nasceu vida…

Ter uma vida a crescer dentro de nós é algo tão múltiplo e, ao mesmo tempo, tão singular que se torna, por vezes, impermeável aos símbolos verbais…

É, acima de tudo, uma vivência de intimidade tão densa e profunda que só cabe no tamanho infinito da palavra Amor…
Efectivamente, quando uma Mulher nasce Mãe sente nascer em si a dádiva do corpo em Amor para em Amor outro corpo nascer para o Mundo.

E não é apenas o ventre que se expande… É também o coração…

Porque é também aí que uma criança nasce…no coração!!!!!

Razão tinha a minha princesa Bia quando desenhou, na creche, um desenho para o Dia da Mãe e colocou dentro da minha suposta figura uma bebé, não no lugar da barriga, mas no lugar do coração…

 E disse à Educadora:

Esta é a minha mãe comigo lá dentro. Nós estamos sempre as duas. Uma mãe é uma pessoa que dá beijinhos bons que cheiram bem, que dão para adormecer ou para acordar e que traz sempre bebés no coração!!!!

Neste parágrafo, a Bia, com a sabedoria pueril e terna dos seus três anos, conseguiu resumir o mistério e o milagre da maternidade inteira…
Uma mãe é alguém que, vá para onde for, tenha a idade que tiver, levará sempre o seu filho no coração.

Porque este amor é um amor tão imune ao tempo e ao espaço que, tenha o seu bebé a idade e o tamanho que tiver, ele caberá sempre nessa casa de infinitas assoalhadas e nesse espaço cardíaco infinitamente elástico e musculado.

E ela dar-lhe-á sempre o mesmo beijinho bom e cheiroso… Seja para o acordar para a vida… Seja para o adormecer, talvez porque o seu pequeno esteja hoje cansado das brincadeiras ou das partidas que esta lhe pregou…

Quando de um ventre nasce uma vida é como se no corpo inteiro se sentisse o nascer do Sol… E há então outras estrelas de uma Via Láctea desconhecida que se acendem dentro de todos os compartimentos da alma e em todos os corredores e orifícios do coração e muito dificilmente se apagam, independentemente da espessura das noites lá fora…

É como uma vela em combustão constante dentro da alma, sempre disposta a acender quaisquer outras que se apaguem pelas correntes de ar da vida…

Talvez por isso uma mulher, a partir do momento em que dá à luz, ganhe outra luminosidade. Uma luz própria, como as estrelas.
Triste é que, por vezes, a tentem apagar ou a escondam na sombra e façam com que elas próprias se desvalorizem a ponto de se ensombrarem…
Uma mulher, quando é mãe, ganha outra dimensão do feminino. Não me parece que perca sensualidade como por vezes se ouve. Não me parece que perca encanto. Não me parece que perca interesse. Não me parece que perca feminilidade.

Pelo contrário. Ganha. E ganha outro fascínio mas que só quem tem o olhar treinado, o talento devido, as lentes próprias consegue admirar.

Infelizmente, ainda são raras essas lentes. Exigem a espessura da inteligência, da compreensão de toda a profundidade do denso e misterioso universo feminino que tantas vezes assusta e intimida.
Infelizmente, também,  muitas mulheres sentem-se corrosivamente diminuídas a partir do momento em que são mães.
Como se, pelo facto de passarem a ser mães, se anulassem como mulheres. Porque, de facto, é assim que muitas vezes os outros as tratam, é esse o rótulo aplicado. Nada mais errado. Nada mais injusto. Nada mais perverso.

O ser mãe não é um decréscimo da feminilidade. É um superlativo.

Uma mulher que é mãe é também uma mulher que conhece, na primeira pessoa, o verdadeiro significado das palavras luta, amor, paz, dádiva, fé, coragem, regeneração, metamorfose, afecto, infinito, milagre.

E isto é de uma grandeza enorme. Isto vale mais que
cremes para as rugas, operações plásticas, ausência de celulite, estrias e afins… E não há que ter vergonha. Pelo contrário.

Um bom creme encontra-se em qualquer loja mas uma boa mãe não. E, isso sim, é um ícone da verdadeira beleza pessoal e mesmo feminina… é uma bandeira, um estandarte!!!!

Tantas vezes se diz também que o próprio corpo de uma mulher fica destruído depois de ter filhos…

Destruído????!!!!
Meu Deus!!!! Estamos a falar como se se tratasse de um acto de guerra, como se um corpo tivesse sido mutilado…

Não estou a negar que as dores são quase insuportáveis…Mas têm um propósito, um motivo: gerar vida. Para mim, o que é insuportável é o sofrimento que parece não ter propósito nenhum, que não leva a nenhum lado a não ser, muitas vezes, a destruição. Esse sim, dói  verdadeiramente.

E não é um acto de guerra. É de paz. A vida não está contra nós. Está só e apenas a nosso favor. A nosso e dos nossos pequeninos…

O corpo transforma-se???
Claro que se transforma. AINDA BEM!!!! Pior seria se não se transformasse!!!! Aí seria impossível gerar uma criança, alimentá-la, dar-lhe vida, espaço, casa, sala de brincar, quarto e cozinha dentro de nós.

Se a anca mais larga, o peito mais descaído, o ventre mais saliente forem a prova que se foi capaz de conceber esse milagre de trazer cá dentro, durante nove meses, um ser humano, de o alimentar apenas com o nosso leite durante mais seis meses, qual é a vergonha???? Em que é que esse corpo é menos bonito ou menos feminino? É um corpo que teve o dom de se adaptar a uma vida… É um corpo que se regenera… É UM CORPO QUE FUNCIONA… Isso não é belo????

Se não tivéssemos um corpo capaz de conceber, infértil, isso sim, não seria verdadeiramente triste, motivo de infelicidade?

E quantas vezes não é exactamente pelo facto de estarem zangadas com o seu próprio corpo que muitas mulheres o maltratam ainda mais… Nada nos é dado de mão beijada e se não gostamos do corpo que temos ele também não gosta de nós.

Se não o beijamos, ele não nos beija. Se não o mimamos, ele não nos mima. Se o intoxicamos com má comida, suplementos de banha da cobra que prometem milagres de emagrecimento, ele fica envenenado, incha. Se não o movemos, ele paraliza. A forma de lhe agradecermos por nos ter ajudado a dar à luz é ajudá-lo a brilhar… É pô-lo em movimento, dar-lhe os mimos que ele gosta: ginástica, fruta, água, amor, alegria e natureza!!!!!

É preciso, pois, amar o ventre e o coração que temos… Não interessa a forma…Interessa a função…

O meu ventre foi, durante nove meses, o casulo de duas lindas borboletas que os meus filhos são hoje… Borboletas risonhas de espanto, coloridas de sonhos, curiosidade, encanto e vida, com olhares sempre saltitantes e voadores,  longas pestanas escuras e asas longas como as dos anjos.

O meu corpo, a minha força, a minha alma,dedicaram-se e dedicam-se, em grande parte, ao cumprimento da promessa de conforto calmo e feliz que o meu ventre lhes prometeu durante nove meses, quando eles ainda não voavam e cresciam dentro de mim…

Sim, porque dentro de mim existia um oceano e a parede do meu útero era um universo cujas estrelas eram os pontos cintilantes dos ecos da minha voz, dos meus risos,  da minha alegria por os ter a cintilar dentro de mim…

O meu ventre foi um país misterioso onde não havia lágrimas nem sede nem fome, onde cresceram príncipes sem medo e princesas que são felizes  na eternidade dos momentos sem a mentira do “para sempre”…

Dele floresceram olhares suaves como pétalas, sorrisos encantados e cheirosos como morangos e bochechinhas de cereja…

Por isso, o ventre de uma mulher, deve ser respeitado, cuidado e amado…

Por ela…Pelos outros…

O seu ventre, tenha a forma que tiver, é o seu maior milagre…

Porque é aí, nesse ninho suave e quente feito de uma perfeição sem nome, que se gera a vida que justifica a vida.

Porque é também aí que se guardam…corações!!!!







3 comentários:

  1. Sem palavras... pois perderiam todo o sentido depois daquilo que escreveu.
    Obrigado por me permitir partilhar da sua Alma. Bem Haja Mónica.
    Beijo grande no seu coração.
    :')

    ResponderEliminar
  2. simplesmente digno de uma mãe...
    que palavras tão lindas...
    deixa que te diga que admiro e muito a forte ligação que te "prende" a tua filha Bia...
    não posso deixar passar em vão o orgulho que tens em ser mãe...
    os meus sinceros parabéns

    ResponderEliminar
  3. Mãe como tu és, há poucas... estás sempre sem nenhum esforço a dar o melhor de ti para os teus filhos !!! Que é muito e muito amor, somado com: carinho, ensinamentos, afectos, exemplos, e muito do teu tempo para os ensinar o que é a VIDA e como ela deve ser VIVIDA.
    Nunca os perdes de vista porque os tens no coração...
    N.S.

    ResponderEliminar